sábado, 29 de novembro de 2014

Na Europa, as datas Fifa também são um problema para quem gosta de futebol

EUROZONA

  • por Felipe Schmidt

    Luka Modric Croácia*Por Victor Canedo

    Quem acompanha o futebol brasileiro já deve estar cansado de todo o roteiro em convocações da Seleção. A reação do torcedor, quase imediata, passa mais pelo alívio ou preocupação de ver que o seu time estará - ou não - desfalcado de um importante nome do que pelo orgulho de vê-lo vestindo a amarelinha. 

    As datas Fifa não são respeitadas no nosso calendário - a CBF pretende mudar isso num futuro próximo, mas esbarra em competições inchadas, como são os estaduais atualmente. Pois na Europa, onde até há espaço, elas também já são um problema para os clubes e público em geral. 

    O “vírus Fifa” é a maior preocupação por parte de todos os clubes. Imagino o quanto deve ser doloroso perder importantes atletas lesionados em treinos ou jogos enquanto servem seus países. Ainda mais se são do quilate de Modric, Blind, Di María, Miranda, Neuer, Boateng, De Gea, Mertens... Todos casos dessa última semana. No ano passado, Khedira lesionou-se num amistoso entre Alemanha e Itália e ficou seis meses fora do Real Madrid. 

    Desde 2012, clubes afetados de alguma maneira passaram a ser recompensados financeiramente, mas o valor é basicamente simbólico e atinge no máximo € 20 mil por cada dia em que o atleta está afastado dos treinos. Jogadores de alto nível, como os supracitados, recebem muito mais. Na prática, a conta ainda é repassada pela Fifa aos times.

    Não é só isso. Assistindo aos jogos de terça-feira fiquei com a clara sensação de que foi uma data Fifa jogada fora. Organizadores conseguiram reunir Lionel Messi e Cristiano Ronaldo no Old Trafford, promoveram Argentina x Portugal como poucos, mas o jogo esteve mais próximo de ser um fracasso retumbante. Os ingleses não são bobos. Praticamente metade do estádio estava vazio - quem pagou R$ 150 pelo ingresso só pôde ver os melhores jogadores do mundo por 45 minutos. Na redação do GloboEsporte.com, a reação com o anúncio das substituições dos craques foi de unânime desapontamento.

     Messi, Argentina X Portugal

















    O sentimento de vazio se prolongou em outros amistosos. Espanha x Alemanha, os últimos campeões do mundo, fizeram uma partida decepcionante em Vigo, salva pelo gol de Toni Kroos, uma das poucas estrelas em campo, já no fim. Em Marselha, Benzema ficou no banco e Ibrahimovic não jogou no França 1 x 0 Suécia. Só o Brasil levou tão a sério os amistosos, mas vá perguntar a Diego Simeone se ele sorriu ou se desesperou ao descobrir que Miranda será desfalque por um mês no Atlético de Madrid...

    Uma básica solução seria diminuir estas datas (são nove, excluindo as grandes competições de junho). Até mesmo as eliminatórias da Eurocopa passam uma mensagem de exagero. Há necessidade de jogar contra Andorra, Luxemburgo, Gibraltar, San Marino, Ilhas Faroe (a Grécia que o diga), Moldávia, Azerbaijão? Os amistosos precisam realmente acontecer quando já há confrontos oficiais dias antes? Os torcedores têm mesmo de esperar duas eternas semanas para verem seus times em campo novamente?

    Fica a dica, Blatter e Platini.

Nenhum comentário: